Composta pela figura ímpar Nenê Altro no vocal e composição das letras, Fausto Oi no baixo, Marcelo Verardi e Marcelo Tyello na guitarra e Samuel Rato na bateria, o 'Dance of Days' teve início em 1997 como um projeto do vocalista Fábio "Nenê" Altro. Com influências pós punk, hardcore, pop/rock dos anos 80, punkrock, a banda adquiriu reconhecimento e espaço dentro da cena alternativa e em todo o circuito do rock nacional. Já com seis discos gravados (sendo o mais recente o primeiro álbum virtual, antes mesmo do Tom Zé), um split e um single, a banda conta ainda com um DVD lançado.Todas as músicas da banda e mais algumas inéditas estão disponíveis gratuitamnte para download no site da Tramavirtual.
6 First Hits (1997) - Teenager In A Box
Nos anos 90 alguns cd's marcaram e revolucionaram o cenário independente nacional como "Hydrophobia" do Hateen, "Relax in your favourite chair" do Garage Fuzz, "São Paulo Chaos" do Blind Pigs entre outros, porém um deles se tornou um clássico absoluto: "6 first hits", debut do Dance Of Days. Com um line-up de fazer inveja (Nene Altro - vocal, Cesar Lost - guitarra, Fernando Sanches - baixo, Marcelo Costa - guitarra e Mauricio Sanches - bateria), e uma sonoridade até então inédita em registros no Brasil (na época 1997), este disco marcou a história da música nacional. Um som triste, denso, pesado, rápido, emotivo, tenso, nervoso, apaixonante em hits que viraram clássicos como "I thought it was only a brand new start", "Left", "Fallen", "Monsters under your bed", "Plague" e "lastkissmissed", ou seja, todas as músicas. Não há muito o que adjetivar, resumo apenas como: um dos melhores e mais importantes discos já lançados na história do Brasil.
A História Não Tem Fim (2001) - Teenager In A Box
Uma das bandas (se não a banda) precursora (s) do som rotulado de Emo/Post Hardcore do Brasil, volta com este disco para provar que realmente a história não tem fim. Com uma sinceridade e energia suprema, o grupo SxE de São Paulo/SP gravou onze canções de temas pessoais, porém identificáveis, metafóricos e principalmente, EMOcionantes. O vocal de Nenê continua insano em certos momentos e tocante em outros, equalizando bem os sentimentos que as músicas carregam. Já os novos músicos, mostram o mesmo instrumental da época do clássico "First 6 Hits"(EP), porém ainda mais evoluido. Destaques? Difícil escolher, mas aposto em "Se estas paredes falassem..." e "Me leve às estrelas".
Coração de Tróia (2002)
O sucessor do hypado "A História Não Tem Fim" vem mais roqueiro e hardcore que seu antecessor, mas sem deixar de lado o dito rótulo de emo e a subliminar veia pop dos refrões. As letras, um dos grandes destaques da sonoridade do grupo, em "Coração..." ganham uma temática quase que predominante: paralelos que se cruzam entre a mitologia greco-romana com sentimentos e filosofias criadas em megalópoles caóticas. Em versos como: "Pandora, agora é tarde demais/ O Zyklom B está por toda parte/ e estáticos frente a comerciais/ movemos dínamos e engrenagens:/ Trabalhar e prosperar,/ estudar e alcançar/ o nirvana patriarcal/ Aprender a processar/ e a parcelar as dívidas./ Kafka, morfina e Anthrax." de "Correção" ou "Sprays na parede dão a nova ordem./ Garrafas acesas de ódio e napalm/ queimam as flores de Vandré no jardim." de "Nos Olhos da Guernica (Um Curto Verão em La Mancha)" mostram toda a genialidade, inteligência e frutífera colheita cultural de idéias do melhor compositor do Brasil na atualidade, Sr. Fábio Nenê Altro. Claro que tais temáticas nas letras com uma musicalidade "emo" logo nos remete a nomes como At The Drive-In e Sparta, mas comparar o Dande Of Days a estes nomes seria limitar demais o trabalho do grupo paulista. Em "Buck Rogers e o Eterno Retorno", "Horizontes de Outono" e "Caulfield" os arranjos pop a lá "Me Leve Às Estrelas" estão presentes e devem agradar ao público mais "emo". Já em "Macaco Com Navalha", "Nos Olhos da Guernica" e "Correção", o lado hardcore-roqueiro dos rapazes é mais explorada e mostra um Dance Of Days paranóico e urgente como nenhuma banda do estilo, adjetivos que transformam estas três as melhores músicas do CD. Conlui-se após uma cuidadosa audição que "Coração De Tróia" é um dos melhores discos de 2002 em todo o mundo, só nos resta saber se todo esse conteúdo cool e brilhante vai ser realmente captado em sua essência por público e mídia. O Dance of Days levou "Golias ao chão".
1997/1998 - Mostweekendroadtripsareprettyspontaneous (2003) - Teenager In A Box
Todos devem saber, mas não custa relembrar. Na segunda metade dos anos 90 surgiu uma banda, um dream-team, que tomou de assalto o cenário nacional. Com seus seis primeiros hits, o Dance Of Days construiu uma sólida legião de fãs apaixonados (e claro, alguns desafetos). Seis músicas que entraram pra história do rock brasileiro. Seis músicas que mudaram conceitos, parâmetros e vidas. Mas a banda sumiu, virou lenda. Cada um de seus integrantes seguiram seus próprios caminhos (e estão muito bem até hoje). No novo milênio, Nenê Altro, a voz e o compositor dos seis primeiros hits volta com o Dance Of Days, uma fênix, mas de roupagem nova. Letras em português, novos integrantes, tudo numa época bem diferente e bem menos romântica do que a época dos dias em que se dançava.
Hypados, amados, adorados, idolatrados, odiados e indiscutivelmente, gozando de uma popularidade ímpar, o Dance Of Days, em pleno 2003, mexe no fundo do baú e nos presenteia com este álbum, que se tem um nome esquisito, as seis primeiras canções são velhas conhecidas.
Os seis primeiros hits voltam a ser prensados: "I thought It Was A Brand New Start", "Left", "Fallen", "Monsters Under Your Bed", "Plague" e "LastKissMissed", e de bônus temos nada menos do que cinco novos hits e mais dois covers.
Das cinco novas/velhas músicas, quatro delas foram extraídas de um ensaio de 1998, e uma delas da apresentação do grupo na terceira edição do conceituado festival Goiânia Noise, ou seja, são totalmente inéditas. A primeira delas "As I Fall (The 7th Hit)", como o próprio nome já diz, é o sétimo hit, a música que faltava no clássico EP, e é a melhor das inéditas. As outras faixas novas são "Celebrate Isolation" (post-hardcore bem trabalhado), "Nietzsche Is Dead" (berrada, niilista, ótima), "Bad Seed" (a mais melancólica das inéditas, nuances calmas e ataques desesperados se revezam) e "Ceremony Of The Mercy Master" (lembra bastante os seis primeiros hits, mas tem um toque pop a mais, bem bacana).
Além das faixas inéditas, temos dois covers, um do Seaweed ("Crush Us All") e um do Endpoint ("After Taste"). "Mostweekendroadtripsareprettyspontaneous" é uma coleção de velhos e novos hits que finalmente receberam o tratamento que merecem, um cd, para assim deixá-los imortais, assim como são os seis primeiros.
A Valsa de Águas Vivas (2004) - Teenager In A Box
Nenê Altro e seus companheiros voltam neste disco cercados de convidados ilustres e grandes canções que tem tudo para manter a banda no altíssimo patamar em que se encontra no underground brasileiro. Em uma primeira audição o álbum assusta, é muito mais pop que o anterior, lembrando o trabalho realizado no CD "Split-Bike" porém, bem melhor trabalhado, evoluido e conciso. As letras estão menos complexas/metafóricas do que em "Coração De Tróia", mas com um lírismo ímpar e com a inteligência pecúliar de outrora, firmando ainda Fábio Nenê Altro como melhor letrista do Brasil. "Um Dia Comum" abre o novo trabalho do DOD e vem na mesma fórmula de "Se Essas Paredes Falassem", ou seja, tem jeitão de hit e abre as portas para as Águas Vivas valsarem a vontade. "Adeus Sofia", primeira música a ser "divulgada" pela internet deste novo álbum, trás participação da Fernanda Takai (Pato Fu) nos vocais em uma música simples e envolvente. "A Valsa Das Águas Vivas", música título do CD é também uma das melhores, principalmente pela sua magnífica letra repleta de pérolas. Além da já citada participação de Fernanda Takai, temos ainda Henrike (BLiND PiGS na música "Cem Mil Bolas De Neve"), Jair (Ludovic na música "Dorian") e (pasmem!) Badaui (CPM22 na música "Vai Ver É Assim Mesmo", a mais teenager do disco e talvez da história da banda). "Um Canto Para Caronte (Ou como A Manticora Aprendeu A Voar)" é também uma forte candidata a hit, principalmente pelo seu refrão pop com jeitão 80's. O lado doentio d'A Valsa está em "Quando O Dia Aquece Sementes Mortas (A Amarga História Do Rei Do Nada)", única música em que o DOD solta os bichos numa catarse repleta de urros e berros doentios sobre uma letra fantástica. Fechando temos a mais-que-perfeita "A Vitória (ou coisa que o valha)". Na parte músical, o DOD continua com seu trabalho coeso, mas assumindo outras influências também, deixando de lado alguns clichés emo e assumindo uma jeitão mais rock simples. Claro que em alguns momentos a influência At The Drive-In e congêneres é notada, mas tudo com identidade e um toque único. A arte gráfica do álbum é suja e trás todas as letras, inclusive todas as citações que compõem a idéia de "A Vitória...", indo de Smiths a Plebe Rude.
Lírios Aos Anjos (2005) - Independente
Após o lançamento de "A Valsa De Águas Vivas" e a manutenção do nome Dance Of Days no topo da cena nacional, muito se expeculou, incluindo ai pessoas que davam como certa a ida da banda para uma major ou mesmo o fim da mesma por causa do projeto paralelo Nenê Altro E O Mal De Caim.
Alheio a tudo, o grupo fez uma tour incessante e como num passe de mágica entrou em estúdio e lançou um novo disco saido diretamente da manga.
"Lírios Aos Anjos" começa com uma arte gráfica pesada, com cemitérios e muito preto e vermelho, nos remetendo a artes do Interpol e bandas goth-punks.
Insônia 2008 (2007) - Independente
Se lá fora o Radiohead pergunta "Quer pagar quanto?" pelo seu novo álbum, o Dance Of Days afirma: "não pague nada pelo nosso novo álbum". Disponibilizado via site TramaVirtual, o qual trabalha com o sistema de downloads remunerados, o conjunto chuta a porta e sai na frente na busca por alternativas em nosso decadente mercado fonográfico. Sabe a máxima do "use o sistema a seu favor?", é isso que o grupo está fazendo, e muito bem feito.
Uma versão física do álbum foi lançada em 2008, assim como do Radiohead, saciando assim a vontade dos fãs mais aficcionados em ter um souvenir físico deste novo trabalho do grupo.
O álbum possui 14 faixas inéditas, sendo algumas delas já bem conhecidas do público, como "Com Você Não Vou Ter Medo", "Essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome" e "Me Leva Pra Sair", por terem sido executadas em programas de TV, shows e versões mp3 bootleg.
O disco abre com uma fala extraída do clássico "Fight Club", logo caindo em "Prelúdio Ao Testamento Do Apanhador (ou Daqui Até Granadinas É Tão Longe)", mostrando que o Dance 2008 vem reformulado, com uma musicalidade nova, mas sem perder o fio da meada, já que a faixa lembra bastante o At The Drive-in na época do seu "Relationship Of Commands". Esta primeira faixa conta ainda com a participação de Mi Vieira do Glória, que não por acaso, é ex-baixista do Dance of Days na época do "Coração De Tróia". A música seguinte mostra como o DOD 2008 abriu o leque de influências e não mais carrega a aura sombria do "Lírio Aos Anjos", pois "Eu Só Quero Evitar" é uma cruza entre "Mr. Brightside" do The Killers com alma lírica à la Legião Urbana, criando uma das músicas mais pop da carreira do grupo.
O punk rock "Jogando Pra Perder" é a terceira composição do álbum, e conta com Yuri Nishida do Granada nos vocais, e por conta da participação do midas oriental que fez o NxZero, mesmo a música tendo instrumental forte, fica radiofônica, lembrando um pouco a época da "Valsa de Àguas Vivas".
Para a quarta-faixa do álbum, "Com Você Não Vou Ter Medo", o grupo fez uma promoção e dezenas de fãs, partes de seu fã clube (ou exército) Dance Army, gravaram os backing vocals, fazendo desta sim, a participação mais especial de todo o disco.
A quinta música é "Sigo O Coração Que Diz Que Não Sabe, Mas É Segredo", mais uma pérola do típico Dance Of Days circa 2001, lembrando um pouco a época do "A História Não Tem Fim", com Nenê Altro emulando Morrissey. E seguimos com "A Frequência", música que segue a mesma linha da anterior, um verdadeiro ode à própria banda, daquelas canções épicas que devem ser cantadas em sing-along nos shows.
Vale dizer que este é o álbum em que Nenê Altro melhor canta, o disco mais cantado, melódico por assim dizer, mas sem perder os tão cultuados gritos e berros característicos de seu vocalista. Outro aspecto válido de citação é que "Insônia 2008" é talvez o álbum mais confessional do Dance, comparado apenas às músicas do 'Split Bike', e prova desse tom de confissão é a sétima faixa do trabalho, "Essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome", uma das melhores composições da carreira do DOD.
"O Melhor Dançarino De São Paulo", música seguinte, faz total referência ao "Jersey's Best Dancer", disco clássico do grande Lifetime, e as referências não param no título, já que a música é um hardcore bem veloz na mesma linha que o conjunto de New Jersey fazia nos anos 90. A letra, novamente confessional, explica bem o espírito da coisa por aqui: "Eu podia dizer um monte de coisas bonitas/ que rimem bem / e que mesmo que não façam sentido / pudessem vender / É, eu podia ser só um cara bonzinho / e bem arrumado / com as roupas limpas / e que fique bem em sua parede / Mas sou só alguém como você / que gosta de falar e abraçar os amigos" (...) Sou peça com defeito / Pois não consigo ser / esse mocinho bem comportado / Eu encho a cara, arrumo encrenca / e faço tudo errado.. Recado dado.
"Parques De Giz" segue com a aura pessoal, e soa como se fosse praticamente uma carta com direção certa, uma das faixas mais lentas e fortes do disco, e deverá agradar novamente os fãs circa 2001. "Teorias De Viver" segue e trás um pouco do Dance época "Lírios..." mas nada tão escancarado, e que poderia também ser comparado com algo da fase mais nova do AFI.
Aos que aguardavam uma nova "Correção", um aperitivo da esquizofrenia da época de "Coração De Tróia" encontra-se na faixa título do disco, e que sem dúvida é a melhor letra do álbum. Se o instrumental não é tão doentio como o do clássico já citado, a letra não perde em nada, com versos como: “Acordem crianças do campo / que é hora de inverter o curso dos dias / Vamos quebrar televisões / e inflamar bandeiras / Acordem crianças que a aurora / aponta o pesadelo dos donos da moral. / Vamos queimar as roupas em missas e funerais. / Acordem que o tempo é curto demais. / Crianças, acordem que a vida que nos roubam / jamais irá voltar / e este mundo que nos deram já não basta. / As canções proibidas serão cantadas por nós / e o todo libertino será a nova ordem. / Acordem crianças que a plenitude é veloz / e na dança dos dias quem manda somos nós. Enquanto não houver quem prove o contrário, Nenê Altro ainda é o melhor letrista do rock nacional da última década.
O disco apresenta a trinca final, começando com a simples "Me Leva Pra Sair", faixa dançante, mas com a simplicidade de um "As Quatro Estações" do Legião Urbana; continuamos com "Comerciais De Cigarro" e "Stella Maris", canções que vão passeando entre a epopéia e a euforia, tal qual mostram momentos densos e de reflexos depressivos. Vale dizer que "Stella Maris" também lembra algo do AFI e possui uma das letras mais poéticas e pensadas do disco. É muito dificíl compararmos "Insônia" com outros álbuns do DOD, este é um disco diferente, passeia por muitos estilos e não carrega uma energia predominante, como o gótico/depressão de "Lírios Aos Anjos", ou o 'caos mental geral'/mitologia/pop culture de "Coração De Tróia". A "Insônia" do Dance Of Days é assim, diversa e abrangente, mas com um único objetivo, deixar os olhos abertos, tanto de seus ouvintes quanto da indústria fonográfica.
E assim segue a dança dos dias.
A dança das Estações (2008)
A banda de rock Dance of Days lançou, em 15 de maio de 2008, o seu 7º cd, “A Dança das estações”, poucos meses após lançar “Insônia”, o 6º cd da banda. O que chamou a atenção para este cd é o pioneirismo na banda no chamado álbum virtual, no qual disponibiliza download de 10 músicas, vídeo, fotos, capa e encarte completo do cd no site da Extreme Days. Nesta obra, o Dance of Days se mostra seguindo uma linha poética semelhante ao que foi feito em 2004 em “A valsa das águas vivas”. As influências musicais passam por bandas como Jimmy Eat World, Lifetime, The Smiths, 7 Seconds, Interpol, Joy Division, She Wants Revenge, Legião Urbana, entre outras, e o Dance of Days soma à sua experiência influência e semelhança de tantos outros grandes e diversos nomes do rock. O CD se inicia com a música “Ao que é bom nessa vida”, num estilo clássico e conhecido da banda de propagar o carpe diem, o amor à vida e a recusa por seu auto-consumir de acordo com o que nos é imposto pela sociedade. “Sobre promessas e tubarões” tem uma pegada mais veloz, no estilo hardcore, influência retomada que é visível em músicas dos primeiros cds da banda. Em seguida, “Qual é o seu Lugar?” busca a reflexão de qual o lugar de cada um nessa sociedade tão diversificada. A faixa-título do cd, a base de voz e violão, trabalha na mudança constante que sofremos em dias/fases da vida, e o nome do cd a da banda já nos remete a isso. “Pra onde vou” volta a pegada hardcore e fala sobre o prazer em manter algumas paixões que os acompanham desde a adolescência, sobre o conflito de visões do “crescer, amadurecer”. A sexta faixa do cd, “Dragões em guerra”, dá início ao trio seqüencial das melhores músicas deste cd e esta fala sobre os julgamentos que as pessoas têm em relação ao modo de vida diferente dos que lhes parece comum. “Esboço de uma teoria falida” é a transcrição de pensamentos de uma pessoa reflexiva, confusa, perdida em seus próprios pensamentos, filosofando consigo mesma sobre o que é, o que quer e com quem convive, mergulhado num desespero para que seja ouvida, compreendida. Quem conhece Dance of Days sabe da convivência harmoniosa entre o vocalista e compositor Nenê Altro e a filosofia, seja ela ditada por grandes filósofos ou construída pela vida. A faixa “Funerais do coelho branco II (em linha reta)” é a continuação de duas obras de mesmo nome, sendo música gravada em “A valsa das águas vivas” e livro escrito por Nenê Altro. Segundo o próprio compositor, o subtítulo é referência ao título de um poema de Fernando Pessoa, poeta citado na letra da música, assim como Holden Caulfield, Soren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche. È, sem dúvidas, a música que segue fielmente uma linha poética com frases marcantes e angustiadas e é considerada a melhor música deste álbum. A penúltima música, “Te prometo estar sempre por aqui” é voz, violão e letra de amor. Finalizando, a banda optou por remasterizar “Tudo que ficou”, que já havia sido disponibilizada ao público há um ano atrás. Neste álbum é possível estabelecer conexões, semelhanças e referências com álbuns anteriores do Dance of Days, algo que não aconteceu em nenhum outro cd. Além disso, é notório o amadurecimento e nova fase da banda, em que procura passar mensagens positivas, trabalhar a reflexão, falar sem nenhum constrangimento sobre amor e sempre incentivar o prazer em viver, abandonando berros, ritmo veloz e letras de revolta. Essas mudanças desagradam fãs old school, que acompanham a banda desde o surgimento, em 1997, porém leva tantos outro a se derreterem e admirarem que crescem e amadurecem acompanhando a banda que cantou e, assim, participou dos vários momentos especiais de cada um.
Nos anos 90 alguns cd's marcaram e revolucionaram o cenário independente nacional como "Hydrophobia" do Hateen, "Relax in your favourite chair" do Garage Fuzz, "São Paulo Chaos" do Blind Pigs entre outros, porém um deles se tornou um clássico absoluto: "6 first hits", debut do Dance Of Days. Com um line-up de fazer inveja (Nene Altro - vocal, Cesar Lost - guitarra, Fernando Sanches - baixo, Marcelo Costa - guitarra e Mauricio Sanches - bateria), e uma sonoridade até então inédita em registros no Brasil (na época 1997), este disco marcou a história da música nacional. Um som triste, denso, pesado, rápido, emotivo, tenso, nervoso, apaixonante em hits que viraram clássicos como "I thought it was only a brand new start", "Left", "Fallen", "Monsters under your bed", "Plague" e "lastkissmissed", ou seja, todas as músicas. Não há muito o que adjetivar, resumo apenas como: um dos melhores e mais importantes discos já lançados na história do Brasil.
A História Não Tem Fim (2001) - Teenager In A Box
Uma das bandas (se não a banda) precursora (s) do som rotulado de Emo/Post Hardcore do Brasil, volta com este disco para provar que realmente a história não tem fim. Com uma sinceridade e energia suprema, o grupo SxE de São Paulo/SP gravou onze canções de temas pessoais, porém identificáveis, metafóricos e principalmente, EMOcionantes. O vocal de Nenê continua insano em certos momentos e tocante em outros, equalizando bem os sentimentos que as músicas carregam. Já os novos músicos, mostram o mesmo instrumental da época do clássico "First 6 Hits"(EP), porém ainda mais evoluido. Destaques? Difícil escolher, mas aposto em "Se estas paredes falassem..." e "Me leve às estrelas".
Coração de Tróia (2002)
O sucessor do hypado "A História Não Tem Fim" vem mais roqueiro e hardcore que seu antecessor, mas sem deixar de lado o dito rótulo de emo e a subliminar veia pop dos refrões. As letras, um dos grandes destaques da sonoridade do grupo, em "Coração..." ganham uma temática quase que predominante: paralelos que se cruzam entre a mitologia greco-romana com sentimentos e filosofias criadas em megalópoles caóticas. Em versos como: "Pandora, agora é tarde demais/ O Zyklom B está por toda parte/ e estáticos frente a comerciais/ movemos dínamos e engrenagens:/ Trabalhar e prosperar,/ estudar e alcançar/ o nirvana patriarcal/ Aprender a processar/ e a parcelar as dívidas./ Kafka, morfina e Anthrax." de "Correção" ou "Sprays na parede dão a nova ordem./ Garrafas acesas de ódio e napalm/ queimam as flores de Vandré no jardim." de "Nos Olhos da Guernica (Um Curto Verão em La Mancha)" mostram toda a genialidade, inteligência e frutífera colheita cultural de idéias do melhor compositor do Brasil na atualidade, Sr. Fábio Nenê Altro. Claro que tais temáticas nas letras com uma musicalidade "emo" logo nos remete a nomes como At The Drive-In e Sparta, mas comparar o Dande Of Days a estes nomes seria limitar demais o trabalho do grupo paulista. Em "Buck Rogers e o Eterno Retorno", "Horizontes de Outono" e "Caulfield" os arranjos pop a lá "Me Leve Às Estrelas" estão presentes e devem agradar ao público mais "emo". Já em "Macaco Com Navalha", "Nos Olhos da Guernica" e "Correção", o lado hardcore-roqueiro dos rapazes é mais explorada e mostra um Dance Of Days paranóico e urgente como nenhuma banda do estilo, adjetivos que transformam estas três as melhores músicas do CD. Conlui-se após uma cuidadosa audição que "Coração De Tróia" é um dos melhores discos de 2002 em todo o mundo, só nos resta saber se todo esse conteúdo cool e brilhante vai ser realmente captado em sua essência por público e mídia. O Dance of Days levou "Golias ao chão".
1997/1998 - Mostweekendroadtripsareprettyspontaneous (2003) - Teenager In A Box
Todos devem saber, mas não custa relembrar. Na segunda metade dos anos 90 surgiu uma banda, um dream-team, que tomou de assalto o cenário nacional. Com seus seis primeiros hits, o Dance Of Days construiu uma sólida legião de fãs apaixonados (e claro, alguns desafetos). Seis músicas que entraram pra história do rock brasileiro. Seis músicas que mudaram conceitos, parâmetros e vidas. Mas a banda sumiu, virou lenda. Cada um de seus integrantes seguiram seus próprios caminhos (e estão muito bem até hoje). No novo milênio, Nenê Altro, a voz e o compositor dos seis primeiros hits volta com o Dance Of Days, uma fênix, mas de roupagem nova. Letras em português, novos integrantes, tudo numa época bem diferente e bem menos romântica do que a época dos dias em que se dançava.
Hypados, amados, adorados, idolatrados, odiados e indiscutivelmente, gozando de uma popularidade ímpar, o Dance Of Days, em pleno 2003, mexe no fundo do baú e nos presenteia com este álbum, que se tem um nome esquisito, as seis primeiras canções são velhas conhecidas.
Os seis primeiros hits voltam a ser prensados: "I thought It Was A Brand New Start", "Left", "Fallen", "Monsters Under Your Bed", "Plague" e "LastKissMissed", e de bônus temos nada menos do que cinco novos hits e mais dois covers.
Das cinco novas/velhas músicas, quatro delas foram extraídas de um ensaio de 1998, e uma delas da apresentação do grupo na terceira edição do conceituado festival Goiânia Noise, ou seja, são totalmente inéditas. A primeira delas "As I Fall (The 7th Hit)", como o próprio nome já diz, é o sétimo hit, a música que faltava no clássico EP, e é a melhor das inéditas. As outras faixas novas são "Celebrate Isolation" (post-hardcore bem trabalhado), "Nietzsche Is Dead" (berrada, niilista, ótima), "Bad Seed" (a mais melancólica das inéditas, nuances calmas e ataques desesperados se revezam) e "Ceremony Of The Mercy Master" (lembra bastante os seis primeiros hits, mas tem um toque pop a mais, bem bacana).
Além das faixas inéditas, temos dois covers, um do Seaweed ("Crush Us All") e um do Endpoint ("After Taste"). "Mostweekendroadtripsareprettyspontaneous" é uma coleção de velhos e novos hits que finalmente receberam o tratamento que merecem, um cd, para assim deixá-los imortais, assim como são os seis primeiros.
A Valsa de Águas Vivas (2004) - Teenager In A Box
Nenê Altro e seus companheiros voltam neste disco cercados de convidados ilustres e grandes canções que tem tudo para manter a banda no altíssimo patamar em que se encontra no underground brasileiro. Em uma primeira audição o álbum assusta, é muito mais pop que o anterior, lembrando o trabalho realizado no CD "Split-Bike" porém, bem melhor trabalhado, evoluido e conciso. As letras estão menos complexas/metafóricas do que em "Coração De Tróia", mas com um lírismo ímpar e com a inteligência pecúliar de outrora, firmando ainda Fábio Nenê Altro como melhor letrista do Brasil. "Um Dia Comum" abre o novo trabalho do DOD e vem na mesma fórmula de "Se Essas Paredes Falassem", ou seja, tem jeitão de hit e abre as portas para as Águas Vivas valsarem a vontade. "Adeus Sofia", primeira música a ser "divulgada" pela internet deste novo álbum, trás participação da Fernanda Takai (Pato Fu) nos vocais em uma música simples e envolvente. "A Valsa Das Águas Vivas", música título do CD é também uma das melhores, principalmente pela sua magnífica letra repleta de pérolas. Além da já citada participação de Fernanda Takai, temos ainda Henrike (BLiND PiGS na música "Cem Mil Bolas De Neve"), Jair (Ludovic na música "Dorian") e (pasmem!) Badaui (CPM22 na música "Vai Ver É Assim Mesmo", a mais teenager do disco e talvez da história da banda). "Um Canto Para Caronte (Ou como A Manticora Aprendeu A Voar)" é também uma forte candidata a hit, principalmente pelo seu refrão pop com jeitão 80's. O lado doentio d'A Valsa está em "Quando O Dia Aquece Sementes Mortas (A Amarga História Do Rei Do Nada)", única música em que o DOD solta os bichos numa catarse repleta de urros e berros doentios sobre uma letra fantástica. Fechando temos a mais-que-perfeita "A Vitória (ou coisa que o valha)". Na parte músical, o DOD continua com seu trabalho coeso, mas assumindo outras influências também, deixando de lado alguns clichés emo e assumindo uma jeitão mais rock simples. Claro que em alguns momentos a influência At The Drive-In e congêneres é notada, mas tudo com identidade e um toque único. A arte gráfica do álbum é suja e trás todas as letras, inclusive todas as citações que compõem a idéia de "A Vitória...", indo de Smiths a Plebe Rude.
Lírios Aos Anjos (2005) - Independente
Após o lançamento de "A Valsa De Águas Vivas" e a manutenção do nome Dance Of Days no topo da cena nacional, muito se expeculou, incluindo ai pessoas que davam como certa a ida da banda para uma major ou mesmo o fim da mesma por causa do projeto paralelo Nenê Altro E O Mal De Caim.
Alheio a tudo, o grupo fez uma tour incessante e como num passe de mágica entrou em estúdio e lançou um novo disco saido diretamente da manga.
"Lírios Aos Anjos" começa com uma arte gráfica pesada, com cemitérios e muito preto e vermelho, nos remetendo a artes do Interpol e bandas goth-punks.
Insônia 2008 (2007) - Independente
Se lá fora o Radiohead pergunta "Quer pagar quanto?" pelo seu novo álbum, o Dance Of Days afirma: "não pague nada pelo nosso novo álbum". Disponibilizado via site TramaVirtual, o qual trabalha com o sistema de downloads remunerados, o conjunto chuta a porta e sai na frente na busca por alternativas em nosso decadente mercado fonográfico. Sabe a máxima do "use o sistema a seu favor?", é isso que o grupo está fazendo, e muito bem feito.
Uma versão física do álbum foi lançada em 2008, assim como do Radiohead, saciando assim a vontade dos fãs mais aficcionados em ter um souvenir físico deste novo trabalho do grupo.
O álbum possui 14 faixas inéditas, sendo algumas delas já bem conhecidas do público, como "Com Você Não Vou Ter Medo", "Essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome" e "Me Leva Pra Sair", por terem sido executadas em programas de TV, shows e versões mp3 bootleg.
O disco abre com uma fala extraída do clássico "Fight Club", logo caindo em "Prelúdio Ao Testamento Do Apanhador (ou Daqui Até Granadinas É Tão Longe)", mostrando que o Dance 2008 vem reformulado, com uma musicalidade nova, mas sem perder o fio da meada, já que a faixa lembra bastante o At The Drive-in na época do seu "Relationship Of Commands". Esta primeira faixa conta ainda com a participação de Mi Vieira do Glória, que não por acaso, é ex-baixista do Dance of Days na época do "Coração De Tróia". A música seguinte mostra como o DOD 2008 abriu o leque de influências e não mais carrega a aura sombria do "Lírio Aos Anjos", pois "Eu Só Quero Evitar" é uma cruza entre "Mr. Brightside" do The Killers com alma lírica à la Legião Urbana, criando uma das músicas mais pop da carreira do grupo.
O punk rock "Jogando Pra Perder" é a terceira composição do álbum, e conta com Yuri Nishida do Granada nos vocais, e por conta da participação do midas oriental que fez o NxZero, mesmo a música tendo instrumental forte, fica radiofônica, lembrando um pouco a época da "Valsa de Àguas Vivas".
Para a quarta-faixa do álbum, "Com Você Não Vou Ter Medo", o grupo fez uma promoção e dezenas de fãs, partes de seu fã clube (ou exército) Dance Army, gravaram os backing vocals, fazendo desta sim, a participação mais especial de todo o disco.
A quinta música é "Sigo O Coração Que Diz Que Não Sabe, Mas É Segredo", mais uma pérola do típico Dance Of Days circa 2001, lembrando um pouco a época do "A História Não Tem Fim", com Nenê Altro emulando Morrissey. E seguimos com "A Frequência", música que segue a mesma linha da anterior, um verdadeiro ode à própria banda, daquelas canções épicas que devem ser cantadas em sing-along nos shows.
Vale dizer que este é o álbum em que Nenê Altro melhor canta, o disco mais cantado, melódico por assim dizer, mas sem perder os tão cultuados gritos e berros característicos de seu vocalista. Outro aspecto válido de citação é que "Insônia 2008" é talvez o álbum mais confessional do Dance, comparado apenas às músicas do 'Split Bike', e prova desse tom de confissão é a sétima faixa do trabalho, "Essa música me diz tanto que nem sei como não tem meu nome", uma das melhores composições da carreira do DOD.
"O Melhor Dançarino De São Paulo", música seguinte, faz total referência ao "Jersey's Best Dancer", disco clássico do grande Lifetime, e as referências não param no título, já que a música é um hardcore bem veloz na mesma linha que o conjunto de New Jersey fazia nos anos 90. A letra, novamente confessional, explica bem o espírito da coisa por aqui: "Eu podia dizer um monte de coisas bonitas/ que rimem bem / e que mesmo que não façam sentido / pudessem vender / É, eu podia ser só um cara bonzinho / e bem arrumado / com as roupas limpas / e que fique bem em sua parede / Mas sou só alguém como você / que gosta de falar e abraçar os amigos" (...) Sou peça com defeito / Pois não consigo ser / esse mocinho bem comportado / Eu encho a cara, arrumo encrenca / e faço tudo errado.. Recado dado.
"Parques De Giz" segue com a aura pessoal, e soa como se fosse praticamente uma carta com direção certa, uma das faixas mais lentas e fortes do disco, e deverá agradar novamente os fãs circa 2001. "Teorias De Viver" segue e trás um pouco do Dance época "Lírios..." mas nada tão escancarado, e que poderia também ser comparado com algo da fase mais nova do AFI.
Aos que aguardavam uma nova "Correção", um aperitivo da esquizofrenia da época de "Coração De Tróia" encontra-se na faixa título do disco, e que sem dúvida é a melhor letra do álbum. Se o instrumental não é tão doentio como o do clássico já citado, a letra não perde em nada, com versos como: “Acordem crianças do campo / que é hora de inverter o curso dos dias / Vamos quebrar televisões / e inflamar bandeiras / Acordem crianças que a aurora / aponta o pesadelo dos donos da moral. / Vamos queimar as roupas em missas e funerais. / Acordem que o tempo é curto demais. / Crianças, acordem que a vida que nos roubam / jamais irá voltar / e este mundo que nos deram já não basta. / As canções proibidas serão cantadas por nós / e o todo libertino será a nova ordem. / Acordem crianças que a plenitude é veloz / e na dança dos dias quem manda somos nós. Enquanto não houver quem prove o contrário, Nenê Altro ainda é o melhor letrista do rock nacional da última década.
O disco apresenta a trinca final, começando com a simples "Me Leva Pra Sair", faixa dançante, mas com a simplicidade de um "As Quatro Estações" do Legião Urbana; continuamos com "Comerciais De Cigarro" e "Stella Maris", canções que vão passeando entre a epopéia e a euforia, tal qual mostram momentos densos e de reflexos depressivos. Vale dizer que "Stella Maris" também lembra algo do AFI e possui uma das letras mais poéticas e pensadas do disco. É muito dificíl compararmos "Insônia" com outros álbuns do DOD, este é um disco diferente, passeia por muitos estilos e não carrega uma energia predominante, como o gótico/depressão de "Lírios Aos Anjos", ou o 'caos mental geral'/mitologia/pop culture de "Coração De Tróia". A "Insônia" do Dance Of Days é assim, diversa e abrangente, mas com um único objetivo, deixar os olhos abertos, tanto de seus ouvintes quanto da indústria fonográfica.
E assim segue a dança dos dias.
A dança das Estações (2008)
A banda de rock Dance of Days lançou, em 15 de maio de 2008, o seu 7º cd, “A Dança das estações”, poucos meses após lançar “Insônia”, o 6º cd da banda. O que chamou a atenção para este cd é o pioneirismo na banda no chamado álbum virtual, no qual disponibiliza download de 10 músicas, vídeo, fotos, capa e encarte completo do cd no site da Extreme Days. Nesta obra, o Dance of Days se mostra seguindo uma linha poética semelhante ao que foi feito em 2004 em “A valsa das águas vivas”. As influências musicais passam por bandas como Jimmy Eat World, Lifetime, The Smiths, 7 Seconds, Interpol, Joy Division, She Wants Revenge, Legião Urbana, entre outras, e o Dance of Days soma à sua experiência influência e semelhança de tantos outros grandes e diversos nomes do rock. O CD se inicia com a música “Ao que é bom nessa vida”, num estilo clássico e conhecido da banda de propagar o carpe diem, o amor à vida e a recusa por seu auto-consumir de acordo com o que nos é imposto pela sociedade. “Sobre promessas e tubarões” tem uma pegada mais veloz, no estilo hardcore, influência retomada que é visível em músicas dos primeiros cds da banda. Em seguida, “Qual é o seu Lugar?” busca a reflexão de qual o lugar de cada um nessa sociedade tão diversificada. A faixa-título do cd, a base de voz e violão, trabalha na mudança constante que sofremos em dias/fases da vida, e o nome do cd a da banda já nos remete a isso. “Pra onde vou” volta a pegada hardcore e fala sobre o prazer em manter algumas paixões que os acompanham desde a adolescência, sobre o conflito de visões do “crescer, amadurecer”. A sexta faixa do cd, “Dragões em guerra”, dá início ao trio seqüencial das melhores músicas deste cd e esta fala sobre os julgamentos que as pessoas têm em relação ao modo de vida diferente dos que lhes parece comum. “Esboço de uma teoria falida” é a transcrição de pensamentos de uma pessoa reflexiva, confusa, perdida em seus próprios pensamentos, filosofando consigo mesma sobre o que é, o que quer e com quem convive, mergulhado num desespero para que seja ouvida, compreendida. Quem conhece Dance of Days sabe da convivência harmoniosa entre o vocalista e compositor Nenê Altro e a filosofia, seja ela ditada por grandes filósofos ou construída pela vida. A faixa “Funerais do coelho branco II (em linha reta)” é a continuação de duas obras de mesmo nome, sendo música gravada em “A valsa das águas vivas” e livro escrito por Nenê Altro. Segundo o próprio compositor, o subtítulo é referência ao título de um poema de Fernando Pessoa, poeta citado na letra da música, assim como Holden Caulfield, Soren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche. È, sem dúvidas, a música que segue fielmente uma linha poética com frases marcantes e angustiadas e é considerada a melhor música deste álbum. A penúltima música, “Te prometo estar sempre por aqui” é voz, violão e letra de amor. Finalizando, a banda optou por remasterizar “Tudo que ficou”, que já havia sido disponibilizada ao público há um ano atrás. Neste álbum é possível estabelecer conexões, semelhanças e referências com álbuns anteriores do Dance of Days, algo que não aconteceu em nenhum outro cd. Além disso, é notório o amadurecimento e nova fase da banda, em que procura passar mensagens positivas, trabalhar a reflexão, falar sem nenhum constrangimento sobre amor e sempre incentivar o prazer em viver, abandonando berros, ritmo veloz e letras de revolta. Essas mudanças desagradam fãs old school, que acompanham a banda desde o surgimento, em 1997, porém leva tantos outro a se derreterem e admirarem que crescem e amadurecem acompanhando a banda que cantou e, assim, participou dos vários momentos especiais de cada um.